terça-feira, 3 de abril de 2007

O que sobrará para a Aeronáutica?

Hà 36 anos atrás, depois de sufocar uma ameaça de motim dos sargentos, os militares deram o golpe, defenestraram o então Presidente Jango Goulart e ficaram no poder por 20 anos. Ao longo do seu período de governo ditatorial emergiu um movimento sindical, então sufocado, mas que em 2002, teve o seu principal líder eleito Presidente da República.
Um dos receios dos militares, como da sociedade organizada, era a implantação de uma república sindicalista, com o domínio dos sindicatos dos trabalhadores, atendimento liberal das suas reivindicações e quebras na ordem legal e, o mais grave, quebra de hierarquia.
Ao longo do primeiro mandato, essas ocorrências foram minimizadas, apesar do forte "aparelhamento" da máquina estatal, atendimento das reivindicações de carreiras e de melhorias salariais dos servidores públicos, condescendência com os atos ilegais do MST e outros movimentos dos "sem", porém com a manutenção da hierarquia militar.
Agora, com a crise da aviação civil, houve a quebra de hierarquia, com o motim dos sargentos, e desmoralização da autoridade militar.
Para todos aqueles que nasceram antes dos anos sessenta, um episódio desse traria a sombra do golpe, de uma reação militar, com diversos oficiais se reunindo e conspirando.
As Forças Armadas perderam força, poder e capacidade, que até mesmo dentro delas fica apenas a contrariedade, a revolta, a indignação, mas sem qualquer possibilidade de articular um golpe, uma derrubada do Presidente sindicalista.
Diante das mudanças das condições de guerra, as Forças Armadas perderam o papel de segurança nacional, sob o aspecto militar.
Ao mesmo tempo em que ocorreu essa quebra de hierarquia militar e o caos na aviação civil, os argentinos lembravam os 25 anos da sua derrota nas Ilhas Malvinas (Falklands, para os ingleses vitoriosos), com o sacrifício de milhares de jovens - muitos dos quais perderam a vida, outros ficaram mutilados - que agora em torno de cinquenta anos, indagam-se sobre o sentido da aventura de enfrentar um inimigo muito superior em tecnologia militar.
A defasagem tecnológica das Forças Armadas Brasileiras é diária e sucessiva. E não há possibilidade de recuperação.
O papel das Forças Armadas terá que ser reformulado, principalmente da Aeronáutica que, para tentar manter o seu tamanho, permaneceu na gestão de atividades civis, como a regulação da aviação civil, o controle do tráfego aéreo e os aeroportos.
A regulação foi perdida para a ANAC (que por sua vez não assumiu, gerando um "buraco negro"), permanceu com o controle do tráfego aéreo que agora não tem mais condições de manter, quebrada a hierarquia, e os aeroportos também acabarão saindo do seu controle (como já ocorreu e agora parcialmente recuperado).
Que papel restará à Aeronáutica diante desse esvaziamento?
Ela poderá entrar numa crise profunda, ou estabelecer e desenvolver papéis estratégicos, que dêem sentido a ela.
Esses papéis (que não serão necessariamente novos) devem partir da percepção mais clara de quem são os inimigos e o que precisa ser defendido.
O que precisa ser defendido não tem grande mistério: é o território nacional. Mas, num segundo momento, cabe avaliar as prioridades. Serão as fronteiras, serão instalações estratégicas?
E os inimigos. Quem são? Se estrangeiros fica fácil, mas seriam inimigos regulares ou informais?
A maior parte dos inimigos é nacional. São aqueles que colocam em risco a ordem institucional. Quem são eles?
Por Jorge Hori - do blog Inteligência Estratégica em 03/03/2007.


(meu comentário: os inimigos são todos aqueles, pessoas ou grupos ou organizações que querem se utilizar do Estado em seu próprio benefício em detrimento da sociedade. São todos aqueles que estão se apropriando da máquina estatal e tentando de todas as formas calar os que enxergam a desagregação das instituições, praticando arrochos fiscais e financeiros, emissão de medidas legais contra a liberdade de expressão, por criação de organismos de censura, por compra da dignidade alheia com cargos e até mesmo dinheiro.Este inimigo tem nome sim. Chama-se "lulo-petismo")

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