Vadinho é um brasileiro de 16 anos de idade que mora em uma comunidade carente!
Escrevo seu nome com "V" por iniciativa própria e desisti de saber seu nome completo depois que perguntei se “vadinho” era com "V" ou com "W" e ele respondeu de forma singela:
"- Tanto faz!"
Acho que ele não sabe a diferença entre "V" e "W", pois me confessou que apenas “desenha” o próprio nome e abandonou a escola na terceira série do primeiro grau!
Vadinho acha que teve pai, mas não se lembra dele, foi criado pela mãe que morreu há dois anos de cirrose hepática em um hospital público.
Durante muito tempo a mãe de Vadinho sustentou a casa trabalhando como diarista fazendo faxinas, até que se entregou ao hábito do álcool e bebeu até dissolver o próprio fígado.
Vadinho já teve dois irmãos mais velhos e os dois já morreram!
Se meteram com o pessoal do tráfico de drogas da favela onde moravam e a coisa foi boa enquanto durou.
Tinham dinheiro para comprar roupas de grife e tênis bacanas, mas um dia tudo deu errado.
Um dos irmãos morreu num tiroteio com a polícia e o outro foi morto pelos próprios parceiros do tráfico numa discussão contaminada por muita cocaína!
Perseguido pela polícia e pelos antigos patrões dos irmãos, Vadinho se mudou para outra favela para morar com um tio com quem aprendeu rudimentos de jardinagem e a limpar piscinas, isso aos 12 anos de idade.
O que aprendeu como ajudante se transformou em seu ofício e Vadinho desde os 14 anos de idade trabalha por conta própria e tem seus próprios clientes.
Consegue amealhar cerca de 800 reais por mês cortando grama e fazendo manutenção de jardins e piscinas em um bairro de classe média alta.
Vadinho é considerado um "empregado de confiança" pelas pessoas a quem presta serviços e para não ter problemas com a polícia, cuida de graça do jardim que enfeita um posto da Polícia Militar que existe no bairro.
Vadinho não usa drogas e nem mesmo fuma, freqüenta uma igreja pentecostal mas diz que não é fanático, de vez em quando bebe umas cervejas no fim de semana quando o Flamengo (seu time do coração), ganha uma partida, mas também bebe quando ele perde!
Vadinho conhece vizinhos da sua idade que roubam ao invés de trabalhar, já foi convidado a participar de algumas “empreitadas” mas recusou educadamente.
Os caras que vivem pelas "esquerdas" consideram Vadinho um "careta", mas o consideram como um "sujeito homem"!
Os caras que vivem pelas "esquerdas" consideram Vadinho um "careta", mas o consideram como um "sujeito homem"!
Vadinho procura conviver pacificamente com todo mundo mas não gosta de ladrões, embora não declare isso publicamente por uma questão de bom senso!
Já foi roubado duas vezes por gente de sua idade, perdeu um relógio barato e um par de tênis de marca quase novo que ganhou de presente de um de seus clientes, cujos pés o tênis maltratava!
Vadinho hoje é dono de seu próprio “barraco” e diz que nunca quis se meter com crimes porque quer viver em paz e seu sonho é trabalhar com carteira assinada embora saiba que dificilmente vai ganhar o que ganha hoje limpando piscinas e cuidando de jardins!
Certa feita quase conseguiu ser admitido como auxiliar de serviços gerais em uma concessionária de veículos, mas a falta de instrução atrapalhou tudo.
Ele já pensou em voltar a estudar, mas teria que ser à noite quando ele está muito cansado...
Falta estímulo!
Falta estímulo!
Vadinho já poderia ter seu título de eleitor, pois tem 16 anos, mas não tem nem mesmo carteira de identidade!
Perguntado a respeito de “maioridade penal” Vadinho responde com a simplicidade de quem aprendeu tudo da pior maneira possível:
"- Bandido não tem idade, se roubou e se matou, tem que ir para a cadeia!"
Informado sobre as péssimas condições das cadeias brasileiras, Vadinho se socorre dos ensinamentos que recebe nos cultos religiosos que freqüenta:
"- Cadeia tem que ser como o inferno, ruim para que ninguém queira ir para lá!
- Cadeia é castigo, se for boa, vira prêmio, e prêmio é para quem se comporta bem!"
Vadinho é honesto e cumpridor das leis porque escolheu ser assim!
O crime é uma opção que Vadinho recusou.
A teoria de que o crime é o resultado da má distribuição de renda é uma ofensa aos milhões de brasileiros que, tal e qual Vadinho, escolheram o caminho do bem apesar das dificuldades.
Vadinho é um adolescente “vítima”, pois já foi prejudicado por adolescentes “infratores”.
O projeto de lei que se encontra na Câmara dos Deputados e que pretende baixar a idade penal de 18 para 16 anos teve sua votação adiada por influência do partido do presidente da república, que já se declarou contrário à medida.
O presidente teme que os adolescentes “fiquem desprotegidos”!
Quais adolescentes o presidente pretende proteger?
Certamente que não os adolescentes “vítimas”!
Os adolescentes cumpridores das leis não estão preocupados com a possível diminuição da “idade penal”!
Quem se preocupa com o endurecimento das leis criminais são aqueles que as violam por pura opção!
O que leva o atual governo da república a se preocupar com o destino de cidadãos que roubam e matam?
Por que um cidadão de 16 anos está plenamente apto a votar nos mandatários da nação e ao mesmo tempo não é capaz de diferenciar um comportamento lícito de um comportamento criminoso?
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