quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Rebeldia na corte

O imperador Lula, embalado na enorme aceitação popular, no reconhecimento internacional e na sua onisciência, quer impor a condução da campanha eleitoral de 2010 e a sua candidata.
Ele quer, porque quer, que a eleição de outubro de 2010 seja plebiscitária. Fazendo o povo comparar a gestão do seu antecessor FHC com a sua. Para isso, Dilma seria a cara dos seus mandatos e garantia de continuidade. E Serra seria a "cara" de FHC.
O problema, como em todas as estratégias, é "combinar com os russos", principalmente com os inimigos.
Apesar da imensa capacidade de Lula de sentir e perceber o povo (o que leva aos índices de aceitação popular) nesse caso estaria colocando as idiossincrasias pessoais acima da realidade, trazendo junto Dilma que - assim como grande parte dos petistas - tem as mesmas. Um ódio profundo a FHC.
O que poderia ser explicado pelo fato de FHC ter "caroneado" Lula em 1994. Lula perdeu a eleição para Collor em 1990 e depois da derrubada do então presidente, comandada por uma então coligação PT-PSDB, mais PFL e outros, seria a vez de Lula. Praticamente sem adversário.
Mas ai foi "atropleado" por FHC, que se aliou a um dos mais tradicionais adversários do PT: Antonio Carlos Magalhães. Foi visto como uma grande traição, cujo ressentimento prevalece ainda hoje, dentro das hostes mais antigas do PT.
Pode ser uma explicação simplista, porém a psicologia explica: ser traido(a) casando com o inimigo é uma mágoa que não se apaga.
Agora, querer que os outros compartilhem da mesma mágoa, tomando o seu partido, pode ser um grande erro.
Quando um casal se separa, de forma não amigável, um dos dilemas é "quem fica com os amigos comuns?".
Lula quer que o povo fique com ele, unindo-se ao ressentimento de uma "traição" e separação traumática de 16 anos atrás.
Será que isso é importante para o povo?
É dentro de uma visão de que isso não prevalecerá nas eleições de 2010 que Ciro Gomes, se rebela e se mantém candidato. Ele acha, sabe, tem certeza de que é um candidato melhor que Dilma, para enfrentar Serra.
Para Lula e a velha guarda do PT, a eleição deverá ser plebiscitária. Serra procura fugir dessa perspectiva e Ciro não acredita. (em tempo, existe uma jovem guarda do PT?)
O risco para o PT é a eleição de Serra, no primeiro turno. Para isso joga com Ciro, para evitá-lo e lever a eleição plebiscitária para o segundo. Ciro não aceita o jogo para ser o "tercius". Quer ser o primeiro. Disputar com Serra o segundo turno.
O Imperador terá dificuldades em convencer o rebelde.

Por Jorge Hori

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